O julgamento da mineradora BHP, relacionado ao desastre da barragem de Mariana, iniciou seu segundo dia na Inglaterra. Advogados que representam as vítimas, incluindo 620 mil pessoas e 1.500 empresas, sustentam que a BHP, por meio de sua subsidiária brasileira, tinha responsabilidade sobre as decisões tomadas na Samarco, a joint-venture com a mineradora Vale. No primeiro dia, foi destacado que a composição do Conselho de Administração da Samarco era dominada por representantes das duas mineradoras, sem membros independentes na diretoria executiva.
Além disso, os advogados apontaram que a BHP estava ciente dos riscos associados ao excesso de resíduos despejados na barragem e, mesmo assim, permitiu a continuidade dessa prática. A defesa da BHP, que será apresentada nos próximos dias, argumenta que a empresa refuta as acusações sobre seu controle na Samarco e defende que a joint-venture operava de maneira independente. O julgamento deve ser baseado na legislação brasileira, apesar de ocorrer no Reino Unido.
A previsão é que o julgamento se estenda até março de 2025, incluindo depoimentos de especialistas em direitos ambiental, societário e civil, além de especialistas em geotecnia para discutir as causas do rompimento da barragem. Nesta fase, a Justiça britânica irá determinar a responsabilidade da BHP pelo desastre, enquanto um novo julgamento será necessário para discutir valores de indenizações.