O setor de varejo e atacarejo de alimentos no Brasil tem apresentado um desempenho abaixo do índice Ibovespa, impulsionado por uma combinação de tendências pouco animadoras e pela volatilidade nas taxas de juros, que impacta negativamente as empresas com alto nível de alavancagem. As ações das empresas do setor estão avaliadas entre 10 e 11 vezes o preço sobre lucro esperado para 2025, refletindo uma escassa diferenciação entre elas. Apesar de algum otimismo por parte de investidores, as expectativas permanecem centradas no momentum operacional de curto prazo e na saúde dos balanços patrimoniais como proteção contra futuros aumentos nas taxas.
Dentro desse contexto, o JPMorgan aponta o Grupo Mateus como a melhor opção no curto prazo, destacando seu sólido desempenho operacional, que inclui uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) do Ebitda ajustado de cerca de 20% nos últimos cinco anos, o que é consideravelmente superior ao de seus concorrentes. O banco também ressalta a baixa alavancagem da empresa, com uma relação de 0,5 vez em comparação à média de 3 vezes dos pares, o que minimiza o impacto de taxas de juros mais altas. Enquanto isso, empresas como Assaí e Carrefour enfrentam desafios significativos, como alta alavancagem e dificuldades no crescimento, levando a uma perspectiva neutra para essas ações.
No caso do Grupo Pão de Açúcar, as estimativas de lucro e Ebitda foram revisadas para baixo, resultando em uma redução do preço-alvo para R$ 11,50 por ação até o final de 2025, refletindo o aumento da dívida e a necessidade de um ciclo de recuperação. Embora o Grupo Mateus tenha potencial de crescimento em novos mercados, a sua performance futura depende da melhoria contínua no ciclo de caixa. O ambiente econômico desafiador e a volatilidade nas taxas de juros dificultam a realização do potencial de valorização das ações no curto prazo, mas continuam a ser observados com atenção pelos investidores.