No Brasil, a presença do vírus HIV é um fator que impede a doação de órgãos, embora pessoas infectadas possam receber transplantes. A infectologista Lígia Pierrotti destaca que a infecção de seis pacientes no Rio de Janeiro, ocorrida durante transplantes, é uma situação sem precedentes e não deve ser considerada normal. Apesar disso, existem protocolos no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar pacientes transplantados que já possuíam HIV antes do procedimento, e a experiência no país garante cuidados adequados.
Após o transplante, todos os pacientes devem utilizar medicações imunossupressoras para evitar a rejeição do novo órgão, que são compatíveis com o tratamento antirretroviral do HIV. Pierrotti enfatiza a importância de um acompanhamento contínuo, onde os pacientes recebem tratamento especializado tanto para a infecção por HIV quanto para a manutenção do órgão transplantado. A evolução dos medicamentos antirretrovirais nos últimos 30 anos trouxe mais segurança e conforto aos pacientes.
Além do HIV, outros fatores como a soropositividade para o HTLV e tuberculose ativa também são impeditivos para a doação de órgãos no Brasil. Para garantir a qualidade dos órgãos, uma bateria de exames é realizada, e a falha no caso dos pacientes do Rio de Janeiro foi identificada na condução desse processo, não nas normas existentes. O Sistema Nacional de Transplantes, que opera sob o SUS, é um dos maiores programas de transplante do mundo e financia a maioria dos transplantes no país, onde 44.844 pessoas aguardam por um órgão, com a maioria na fila por rins.