O Banco Central do Brasil deverá manter o ciclo de aumento da taxa Selic pelo menos até março de 2025, segundo Fernanda Guardado, ex-diretora da instituição e atual chefe de pesquisa econômica para a América Latina do BNP Paribas. Após a elevação da Selic em setembro, a expectativa é de mais dois aumentos de 0,50 ponto percentual nas reuniões finais de 2024 e subsequentes altas em 2025, com a taxa alcançando 12,25%. Guardado destaca que a inflação, especialmente a de serviços, continua pressionada, o que contribui para a decisão de manter os juros elevados.
A economista também expressa preocupação com a sustentabilidade da dívida pública brasileira, que se deteriorou em comparação a outros países. Apesar das afirmações do governo sobre um exagero nos prêmios de risco de longo prazo, Guardado considera que o mercado financeiro reage de maneira justificada às incertezas fiscais. Ela se mostra surpresa com a recente reclassificação da Moody’s, que elevou a nota do Brasil, ressaltando que as justificativas da agência se concentraram mais no passado do que em previsões futuras, o que não reflete adequadamente os desafios fiscais que o país enfrenta.
Por fim, Guardado comenta sobre a nomeação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, ressaltando suas qualidades como um líder colaborativo e sua capacidade de manter a autonomia da instituição em um ambiente político desafiador. Ela acredita que a presença de mais mulheres em cargos de liderança é essencial para o setor de economia e finanças, que ainda é dominado por homens, e defende iniciativas que incentivem a participação feminina no Banco Central e em áreas correlatas.