Desde o final de setembro, o dólar acumula uma valorização de 4% em relação ao real, com a expectativa de que essa pressão leve a uma revisão das projeções cambiais para o fim de 2024. Três fatores principais estão impulsionando essa tendência: a indicação do Federal Reserve (Fed) de que não haverá novos cortes nas taxas de juros a curto prazo, a deterioração da política fiscal brasileira e a possibilidade de uma política econômica mais protecionista caso Donald Trump seja reeleito presidente dos Estados Unidos. A combinação dessas incertezas impacta a confiança do mercado, especialmente em um contexto global marcado por tensões relacionadas à China e ao Oriente Médio.
O cenário fiscal brasileiro tem gerado desconfiança, exacerbada por notícias sobre possíveis novas tributações. A perspectiva de um imposto mínimo para milionários, como compensação para a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda, contribuiu para o clima negativo. Mesmo com a tentativa do governo de estabilizar a situação, a moeda brasileira apresentou a pior performance entre as principais divisas emergentes, registrando uma desvalorização de 2,92% na última semana. As economistas preveem que, até o fim do ano, as revisões para cima nas estimativas de câmbio são mais prováveis, refletindo um ambiente de incertezas e ruídos adicionais no cenário fiscal.
Adicionalmente, a eleição nos Estados Unidos e a possibilidade de uma postura mais agressiva de Trump em relação a tarifas de importação intensificam os riscos para moedas emergentes, levando a uma previsão de valorização do dólar em um cenário global. Com essa perspectiva, analistas projetam que o dólar pode chegar a R$ 5,50 ao final de 2024, com viés de alta, considerando tanto as políticas monetárias do Fed quanto a situação fiscal interna. O contexto atual sugere que, a menos que haja uma mudança significativa na comunicação do governo brasileiro, o ambiente econômico permanecerá volátil e incerto.