O ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, afirmou que a agenda proposta pelo bloco dos Brics é de grande interesse para o país, pois busca reduzir a centralização da ordem mundial atualmente dominada pelos Estados Unidos, Japão e países europeus. Em entrevista, ele ressaltou que as propostas do grupo, que incluem mudanças na governança global e a substituição do dólar por moedas locais, alinham-se com os objetivos da política externa brasileira. Barbosa enfatizou que a agenda do Brics visa não apenas contestar a ordem vigente, mas também aperfeiçoá-la, refletindo as aspirações brasileiras.
Barbosa também comentou sobre a possível expansão do bloco, que atualmente conta com Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, para incluir mais dez países. Ele alertou que essa ampliação pode diluir a influência do Brasil na definição da agenda do grupo. Para ele, é essencial que o Brasil mantenha uma posição independente dentro do Brics, discutindo temas globais sem se alinhar automaticamente a tendências antiocidentais.
O ex-embaixador expressou preocupação com a possibilidade de o Brics se tornar um movimento antiocidental e recomendou que o Brasil adote uma postura equilibrada nas relações internacionais, evitando alinhamentos rígidos com potências como China e Estados Unidos. Ele sugeriu que o país siga o exemplo da Índia, buscando uma posição que permita um diálogo construtivo com ambas as partes, sem comprometer os interesses nacionais.