Um estudo realizado em mais de cem fazendas no Brasil aponta que a pecuária nacional é capaz de capturar mais gases de efeito estufa (GEE) do que emite em 31% das propriedades analisadas. O levantamento, conduzido pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV, em parceria com a consultoria Fauna Projetos e o Instituto Inttegra, envolveu 103 fazendas fornecedoras da Friboi, utilizando o protocolo GHG Protocol para medir as emissões e remoções de GEE mensalmente. Práticas de manejo de solo, recuperação de pastagens e desmatamento zero foram identificadas como principais responsáveis por essa eficiência.
Os pesquisadores destacaram que a idade dos bovinos enviados para processamento, a qualidade da dieta e o manejo das pastagens impactam significativamente os resultados obtidos. A supressão da vegetação nativa foi apontada como um fator que eleva as emissões, enquanto a recuperação de pastagens demonstrou um efeito positivo na redução delas. Essa evidência reforça a importância da adoção de boas práticas agrícolas para aumentar a eficiência na produção de carne e, ao mesmo tempo, contribuir para a sustentabilidade ambiental.
O programa Fazenda Nota 10, que visa auxiliar pecuaristas na gestão de suas propriedades, já impactou cerca de 860 fazendas e abrange uma área de mais de 1,4 milhão de hectares. A partir de 2023, o programa se aliou à consultoria Fauna Projetos para incluir o balanço de emissões de GEE em seus indicadores. Participantes do programa observaram um aumento médio de 15% no ganho de peso dos animais e uma redução de 9% nos custos de produção. O estudo sugere que a pecuária, ao incorporar práticas sustentáveis, pode desempenhar um papel importante na mitigação das mudanças climáticas.