Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) expõe os impactos sociais, ambientais e econômicos do rompimento da barragem de Fundão, que ocorreu há quase nove anos. O estudo indica que a lama resultante do desastre, composta principalmente por ferro, silício e alumínio, liberou mais de 44 milhões de m³ de rejeitos de mineração no meio ambiente. Isso resultou em danos significativos à saúde das populações afetadas, incluindo um aumento alarmante em casos de câncer, abortos espontâneos e arboviroses. Além disso, a expectativa de vida dos moradores das áreas impactadas diminuiu em média quase dois anos e meio.
Os efeitos econômicos também são devastadores, com uma perda estimada de quase R$ 500 bilhões na economia de Minas Gerais e Espírito Santo entre 2015 e 2018, o que interrompeu atividades produtivas em diversas comunidades. Os pescadores, que dependem do rio para sua subsistência, enfrentam insegurança alimentar e hídrica, comprometendo suas tradições e modos de vida. A coordenação do Projeto Rio Doce, da FGV, destaca que a segurança dos alimentos e a disponibilidade de água se tornaram questões críticas para as populações afetadas.
As comunidades indígenas e quilombolas relataram que seus direitos básicos foram profundamente afetados, incluindo o acesso à pesca e à água potável. Apesar da gravidade dos impactos documentados, a Fundação Renova optou por não comentar o estudo da FGV, levantando questionamentos sobre as ações de reparação e compensação. A continuidade dos esforços para restaurar a qualidade de vida das pessoas afetadas e a recuperação ambiental é uma necessidade urgente, evidenciada pela dor e pelos desafios que ainda enfrentam quase uma década após a tragédia.