Um estudo recente entrevistou 90 pessoas na região conhecida como Cracolândia, em São Paulo, e encontrou que 70% dos participantes já haviam sido internados ao menos uma vez. O levantamento, realizado por instituições de pesquisa renomadas, sugere que o modelo atual de tratamento pode não estar atendendo às necessidades dos usuários, já que muitos relataram ter sido internados mais de 30 vezes, sem encontrar soluções efetivas para o uso de substâncias como o crack.
A pesquisa destacou que mais de 80% dos entrevistados são homens negros entre 30 e 49 anos, e a maioria se identifica como usuária de crack, com um número significativo também consumindo álcool regularmente. Uma das descobertas mais relevantes foi que, para muitos, a internação é vista apenas como um espaço temporário para descanso, sem a expectativa de resolução do problema do uso de drogas. Além disso, quase 69% dos participantes dormem nas ruas, e muitos afirmam estar na região por vontade própria, considerando-a sua casa.
Os resultados do estudo também revelaram que, apesar da situação vulnerável, mais da metade dos entrevistados mantém contato com a família, e mais de dois terços realizam atividades produtivas, como reciclagem e venda de objetos. Essas informações não só contribuem para uma melhor compreensão da realidade vivida pelos usuários de drogas na Cracolândia, mas também se alinham aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, em particular ao ODS 03, que trata da saúde e bem-estar.