Um recente estudo dinamarquês revelou que a incidência de câncer de mama foi maior entre mulheres que não utilizavam o dispositivo intrauterino (DIU) hormonal do que entre aquelas que o usavam. Com base em registros médicos de 78 mil mulheres, os pesquisadores identificaram 720 casos de câncer entre usuárias do DIU, em comparação com 897 casos nas não usuárias. A pesquisa, no entanto, carece de uma análise mais profunda sobre o perfil das pacientes, não levando em conta fatores como tabagismo, obesidade e histórico familiar de câncer, que podem influenciar o risco de desenvolver a doença.
Entidades de saúde, incluindo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e a Sociedade Brasileira de Mastologia, esclareceram que a interpretação dos dados do estudo não justifica a afirmação de que o uso do DIU aumenta em 40% o risco de câncer de mama. Na verdade, o aumento observado se refere a um risco relativo que, na prática, é muito pequeno: um risco absoluto de 1,4%, o que equivale a 14 casos a cada 10.000 mulheres. Os especialistas enfatizam a importância de não confundir os dados e alertam para a comunicação responsável das informações.
Os especialistas reafirmam que o DIU é um método contraceptivo seguro, com benefícios que superam os riscos potenciais de câncer. A Organização Mundial da Saúde considera o DIU um dos métodos contraceptivos mais eficazes disponíveis. Além de sua função contraceptiva, o dispositivo também é utilizado para tratar condições como sangramentos uterinos anormais e miomas, e não há evidências que sustentem a associação entre o DIU e o aumento do risco de câncer de mama. A mensagem central é de tranquilidade para as usuárias, assegurando que o DIU não é uma causa de câncer e que sua utilização deve ser incentivada sob orientação médica.