Um novo estudo publicado no New England Journal of Medicine analisou 198 transplantes de rim em pessoas com HIV realizados em 26 centros médicos nos Estados Unidos entre 2018 e 2021. Os pesquisadores descobriram que os pacientes que receberam rins de doadores HIV positivo apresentaram taxas de sobrevivência semelhantes às de receptores HIV negativos, tanto no primeiro quanto no terceiro ano após o transplante. Além disso, os riscos de efeitos colaterais sérios, como infecções e rejeição do órgão, foram equivalentes entre os dois grupos.
Esses resultados oferecem uma nova perspectiva para a prática clínica, sugerindo que órgãos de doadores com HIV podem ser utilizados com segurança em transplantes para pacientes da mesma condição. A pesquisa, liderada pelo cirurgião de transplante Dorry Segev, também aborda preocupações anteriores sobre a possibilidade de superinfecção por cepas diferentes do HIV em receptores. Segev ressaltou a necessidade de mais estudos para avaliar a segurança e eficácia de transplantes de outros órgãos, como coração e pulmões, de doadores HIV positivos.
No Brasil, que ocupa a terceira posição mundial em transplantes de rim, as descobertas podem incentivar uma maior aceitação e prática de doações de órgãos entre pessoas HIV positivas. O estudo reforça a importância de investigar novas possibilidades de tratamento para milhares de indivíduos que necessitam de transplantes, ampliando as opções disponíveis e potencialmente salvando vidas.