Uma pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC), realizada pelo projeto Detetive Plástico, revelou que 78% do lixo plástico encontrado nas areias das praias cearenses é originário de países africanos, destacando a República Democrática do Congo como a principal fonte. Os dados foram coletados em três praias do estado, onde foram encontrados itens como canudos e garrafas PET, evidenciando a presença de plásticos de marcas que não são comercializadas no Brasil. A pesquisa indica que o lixo chega à costa cearense trazido por correntes marítimas do Atlântico, levando entre 6 e 11 meses para essa jornada.
Os pesquisadores identificaram que o rio Congo, um dos maiores do mundo, desempenha um papel crucial no transporte desse lixo, que é despejado ao longo de sua extensão antes de alcançar o oceano. Embora uma quantidade significativa de plástico permaneça na costa africana, a porção que chega ao Brasil tem aumentado, revelando um fenômeno recorrente em vez de eventos esporádicos. Os pesquisadores também ressaltaram que a quantidade de lixo identificado nas praias é apenas uma fração do que é descartado na África.
Além de evidenciar a origem do lixo, o estudo alerta para os potenciais riscos à saúde pública e ao turismo no Ceará. O material transportado por longos períodos no oceano pode acumular patógenos e organismos marinhos, representando um perigo para os visitantes das praias. Os integrantes do projeto enfatizam a necessidade de políticas públicas voltadas para o monitoramento da qualidade das praias e a importância de se estabelecer um sistema de balneabilidade para garantir a segurança dos frequentadores.