Uma pesquisa do Instituto de Geociências da Unesp de Rio Claro revela que a reposição de água do Aquífero Guarani está aquém do necessário para manter seus níveis, o que representa um risco para cerca de 90 milhões de pessoas que dependem desse reservatório. A pesquisa enfatiza a importância das chuvas na recarga do aquífero, especialmente nas áreas de afloramento, e destaca os efeitos da superexploração, que têm se agravado devido à mudança na distribuição das chuvas e ao aumento da demanda hídrica nas regiões agrícolas e urbanas.
O geólogo Didier Gastmans aponta que o monitoramento de poços revela uma diminuição significativa nos níveis de água, com algumas regiões enfrentando rebaixamentos de até 100 metros. Essa situação afeta tanto grandes produtores quanto pequenos agricultores, que já sentem os impactos da escassez. A pesquisa também menciona que a maioria do consumo do aquífero é voltada para o abastecimento urbano, concentrando-se no estado de São Paulo, onde a pressão sobre os recursos hídricos tem crescido consideravelmente.
Gastmans critica a falta de ações efetivas por parte dos órgãos públicos e sugere a implementação de um sistema de monitoramento em tempo real, além da necessidade de um planejamento que integre o uso de água subterrânea e superficial. Ele defende a urgência em considerar a sustentabilidade do desenvolvimento e propõe um uso mais racional dos recursos hídricos, priorizando a qualidade da água para abastecimento e a alocação adequada para atividades agrícolas e industriais. A Agência de Águas de São Paulo assegura que está atenta aos estudos sobre a recarga do aquífero, buscando um equilíbrio entre demanda e preservação ambiental.