Um recente estudo revelou que a depressão provoca mudanças na comunicação interna do cérebro antes que os primeiros sintomas da doença se manifestem. Utilizando a ressonância magnética funcional (fMRI), os pesquisadores observaram que a depressão está associada à expansão da rede de saliência, uma área cerebral crucial para a motivação e atenção. A pesquisa analisou a atividade cerebral de 141 indivíduos com depressão e 37 sem a doença, evidenciando que a modificação na rede de saliência pode ser um indicador robusto para prever a vulnerabilidade ao desenvolvimento da depressão.
A expansão dessa rede foi identificada em crianças de 10 a 12 anos que mais tarde apresentaram sintomas depressivos na adolescência. Além disso, a força da rede de saliência foi correlacionada com sintomas como perda de prazer e motivação, embora não tenha sido possível determinar se essas alterações estão ligadas a experiências psicológicas específicas. Os pesquisadores propõem que essa reconfiguração da rede de saliência pode ser um marcador de risco que ajude a identificar indivíduos predispostos à depressão.
Embora a possibilidade de utilizar a expansão da rede de saliência como um novo biomarcador para a depressão tenha sido discutida, há divergências entre os especialistas sobre a viabilidade dessa abordagem. Enquanto alguns acreditam que essa descoberta pode abrir caminhos para métodos de previsão da doença, outros ressaltam que a depressão é uma condição complexa, resultante da interação de diferentes circuitos cerebrais. A pesquisa sugere que fatores como o exercício físico, reconhecido por seus efeitos antidepressivos, podem influenciar a atividade dessa rede, indicando a necessidade de mais estudos para elucidar esses mecanismos.