A revista britânica The Lancet divulgou um estudo que revela como as mudanças climáticas estão afetando a saúde da população mundial, destacando que 10 dos 15 indicadores de ameaças à saúde pioraram devido ao aumento da temperatura do planeta. Entre os efeitos diretos, a proliferação de mosquitos, especialmente o Aedes aegypti, está associada ao aumento de casos de dengue, que atingiram recordes históricos em 2023, com 5 milhões de casos reportados em mais de 80 países, principalmente no Brasil, Peru, México e Colômbia. O estudo aponta que o risco de transmissão da dengue aumentou em 11% na última década, uma consequência alarmante da crise climática.
Além das doenças transmitidas por vetores, a pesquisa também destaca o aumento da exposição a temperaturas extremas, com as pessoas enfrentando, em média, 50 dias a mais de calor perigoso para a saúde em 2023. As mortes entre idosos acima de 65 anos atribuídas ao calor cresceram 167% desde 1990, superando as expectativas. A insegurança alimentar também se intensificou devido a secas prolongadas, evidenciando o impacto direto das mudanças climáticas na saúde pública.
A diretora executiva do programa da The Lancet, Marina Romanello, expressou preocupação com a falta de conscientização pública sobre a gravidade da situação. Com a COP 29 se aproximando, a cientista enfatizou a importância de compromissos mais ambiciosos por parte dos países para enfrentar a crise climática. O estudo conclui que os recursos gastos em combustíveis fósseis, que exacerbam essa crise, deveriam ser redirecionados para proteger a saúde da população, reforçando a urgência de ações significativas diante dos riscos crescentes associados ao clima.