Duas advogadas foram presas em Goiás, acusadas de forjar laudos médicos relacionados à contaminação por césio-137, um material envolvido em um grave acidente radiológico em 1987. O esquema tinha como objetivo garantir isenção do Imposto de Renda a policiais militares e bombeiros aposentados, que supostamente apresentavam doenças graves. Além das duas advogadas, um ex-policial militar foi detido e cinco outros advogados estão sob investigação. A Justiça recebeu pelo menos 80 ações fraudulentas, e os suspeitos alegam que não tinham conhecimento da irregularidade.
A investigação revelou que os documentos falsos indicavam a presença de doenças, como AIDS e cardiopatias, em clientes que não estavam contaminados. Um coronel da polícia, que recusou entrar no esquema, expressou sua indignação em um áudio, afirmando que não aceitava benefícios sem merecimento. Muitos dos beneficiados alegam que confiaram nas advogadas e que não estavam cientes da fraude, apesar de evidências apontarem que os laudos foram produzidos por uma clínica específica, cujas assinaturas foram consideradas falsas.
O estado de Goiás busca recuperar os cerca de R$ 20 milhões que a fraude pode ter causado aos cofres públicos. A situação levanta questionamentos sobre a responsabilidade dos profissionais envolvidos e a necessidade de uma investigação mais profunda sobre as práticas que possibilitaram esse esquema fraudulento. O caso destaca a vulnerabilidade do sistema jurídico diante de fraudes que exploram a confiança e a fragilidade de pessoas em busca de direitos legítimos.