A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) reconheceu uma situação crítica de escassez hídrica no rio Xingu, em Pará, que tem afetado significativamente as operações da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Desde setembro, a usina está funcionando com apenas duas das dezoito turbinas, gerando energia por apenas duas horas e meia por dia, em resposta à demanda reduzida e às severas condições de seca. A operação está limitada a 1.215 megawatts, conforme autorização do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), visando atender a carga elétrica em horário de pico.
Os dados da ANA revelam anomalias significativas nas chuvas desde junho de 2023, e as previsões indicam uma continuação da baixa pluviosidade até setembro de 2024. A Bacia do rio Xingu, que também suporta a navegação e abastece cerca de 570 mil pessoas, está enfrentando uma das secas mais severas da história recente do Brasil. A usina de Belo Monte, projetada para operar sem reservatórios, utiliza a força da correnteza do rio, o que torna sua geração de energia altamente dependente das condições hídricas.
As comunidades ribeirinhas estão enfrentando dificuldades acentuadas, afetando atividades como a pesca e o transporte fluvial. A Norte Energia, responsável pela usina, afirma que as medidas adotadas visam mitigar os impactos socioambientais e preservar o nível dos reservatórios. Contudo, a escassez hídrica e a redução da vazão de água têm gerado preocupações sobre a sustentabilidade dos recursos hídricos na região e a segurança no fornecimento de energia elétrica, além de afetar a navegação em trechos do rio.