Os mercados japoneses devem abrir sob um clima de incerteza após as eleições de domingo, que resultaram na perda da maioria parlamentar pelo partido do primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, pela primeira vez desde 2009. Essa mudança no cenário político levanta questões sobre a futura política monetária do país e pode impactar negativamente tanto o iene quanto as ações na Bolsa de Tóquio. O pleito polarizado deixou em aberto as possíveis coalizões, com a possibilidade de Ishiba tentar formar um governo mais amplo, ou, alternativamente, uma liderança da oposição, cuja fragmentação interna também representa um desafio.
A Capital Economics destacou que a maior força oposicionista, o Partido Constitucional Democrático, está propondo uma alteração na meta de inflação do Banco do Japão, que poderia levar a taxas de juros mais elevadas do que as atuais. Contudo, a consultoria considera mais provável que os conservadores permaneçam no poder, expandindo sua coalizão. Isso geraria um cenário em que concessões de novos parceiros seriam necessárias para a continuidade do Partido Liberal Democrático no governo.
Analistas do banco ANZ sugerem que um governo multipartidário poderia prejudicar o iene no curto prazo, adiando expectativas por aumentos nas taxas de juros. A situação do iene já se complicou com o aumento dos juros dos Treasuries nos Estados Unidos, impulsionados por um possível retorno de Donald Trump ao poder, o que teria implicações inflacionárias e fiscais. Diante deste contexto, o Julius Baer prevê que o Banco do Japão manterá as taxas de juros inalteradas na próxima reunião e não sinalizará um aperto monetário imediato, refletindo a incerteza política e a fraca liderança esperada do novo governo.