As eleições municipais de 2024 revelaram um contraste significativo entre o perfil dos candidatos e dos eleitos no Brasil. Enquanto a maioria dos candidatos se autodeclara negra, com 53% identificando-se como pardos ou pretos, os eleitos são predominantemente brancos, representando cerca de 80% dos novos prefeitos, vices e vereadores. A análise, baseada em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), indica que, apesar dos esforços para aumentar a representatividade, a estrutura de poder político ainda reflete desigualdades raciais. Além disso, a idade média dos eleitos é de 48 anos, com a maioria possuindo ensino superior completo, contrastando com os candidatos, que têm uma média de 45 anos e maior incidência de escolaridade de ensino médio.
Em termos de gênero, a participação feminina entre os eleitos é de quase 18%, um aumento em relação a 2020, mas que ainda está aquém da composição populacional, onde as mulheres correspondem a 51,5% da população brasileira. A análise mostra que 66% dos candidatos eram homens, evidenciando a necessidade de mais iniciativas que incentivem a candidatura de mulheres. A maior parte dos eleitos é casada (64%) e, entre eles, muitos já ocupavam cargos políticos, destacando a continuidade de uma elite política.
Além das questões de raça e gênero, a ocupação e a formação educacional também foram aspectos relevantes na análise. A maioria dos eleitos declarou já ter experiência política como vereadores, enquanto a maior parte dos candidatos se apresenta como empresários. Esses dados ressaltam a importância de diversificar o perfil dos representantes, promovendo maior inclusão e igualdade nas esferas de decisão política do país.