Astronautas americanos retidos na Estação Espacial Internacional (ISS) enfrentam problemas de saúde decorrentes da exposição prolongada à microgravidade. Em um estudo recente realizado pela Johns Hopkins Medicine, 48 amostras de tecido cardíaco humano bioengenheirado foram enviadas à ISS para investigar como a baixa gravidade afeta o funcionamento do coração. Os resultados indicaram que as condições espaciais enfraqueceram os tecidos cardíacos, afetando seus batimentos rítmicos normais quando comparados às amostras mantidas na Terra.
Os pesquisadores utilizaram um processo de reprogramação celular para criar células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) e as transformaram em células do músculo cardíaco, denominadas cardiomiócitos. Essas células foram alojadas em um sistema chamado “coração em chip”, que possibilitou a medição precisa das contrações. Após 12 dias na ISS, os tecidos mostraram uma redução significativa na força muscular e o surgimento de batimentos irregulares, evidenciando os impactos negativos da microgravidade na saúde cardiovascular.
Além das alterações físicas, como a desorganização dos sarcômeros e mudanças nas mitocôndrias, o sequenciamento do RNA revelou aumentos em genes associados a inflamações e distúrbios cardíacos, sugerindo um estresse cardiovascular em astronautas como Sunita Williams e Butch Wilmore. Apesar das preocupações levantadas, os pesquisadores destacaram que, após um mês em órbita, os tecidos cardíacos recuperaram suas funções normais, indicando que o organismo pode se restabelecer após a exposição a essas condições extremas.