O ex-embaixador Celso Amorim, atual assessor especial da Presidência, destacou que o processo eleitoral da Venezuela é uma questão interna e deve ser resolvido pelos próprios venezuelanos por meio do diálogo. Ele enfatizou a importância de uma abordagem diplomática que evite imposições externas, especialmente considerando a longa fronteira de 2.000 km entre Brasil e Venezuela. Amorim criticou as sanções internacionais, argumentando que elas têm sido ineficazes e prejudiciais à população venezuelana.
Durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores, o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança questionou se o governo brasileiro considera a Venezuela uma ditadura, expressando preocupação com um possível alinhamento ideológico da diplomacia brasileira. Amorim, por sua vez, rejeitou classificações simplistas entre regimes, mas reconheceu a existência de um mal-estar nas relações bilaterais, especialmente após a falta de apoio do Brasil à vitória autodeclarada de Maduro nas eleições.
A audiência também abordou a questão da dívida da Venezuela com o Brasil, que Amorim discordou quanto ao montante mencionado, apontando que o valor real é significativamente menor. Ele destacou a necessidade de reatar relações comerciais para facilitar a recuperação de valores devidos, além de informar que uma mesa de negociações bilaterais foi criada em julho para tratar dessas questões. A diplomacia brasileira busca manter um canal de diálogo aberto, mesmo diante de tensões políticas.