Recentemente, o Atlas de Eficiência Energética de 2023, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética, revelou preocupações sobre a desigualdade no acesso a fontes de energia no Brasil, com um foco especial no setor residencial. O relatório adaptou os índices de Gini, comumente usados para medir a desigualdade de renda, para avaliar a distribuição de eletricidade e energia moderna entre diferentes classes sociais. Embora os dados de 2005 a 2014 indiquem uma redução na desigualdade, a partir de 2015 essa tendência foi invertida, mostrando um aumento na concentração do consumo de energia nas classes de renda mais altas.
O estudo aponta que as classes de baixa renda dependem de fontes de energia convencionais, como lenha e carvão, enquanto as classes mais altas utilizam predominantemente eletricidade. Essa disparidade é atribuída a fatores como o acesso limitado a serviços energéticos mais eficientes e a capacidade de pagamento. Mesmo com iniciativas como o Programa Luz para Todos, que aumentou o acesso à eletricidade, a desigualdade no consumo energético persiste, com o Brasil apresentando um consumo per capita de energia significativamente menor do que países desenvolvidos.
Além de comparar o Brasil com nações desenvolvidas, o professor Fernando Caneppele enfatiza que outros países em desenvolvimento, como Colômbia e Marrocos, enfrentam desafios semelhantes. Para superar esses obstáculos, é essencial implementar políticas públicas eficazes que promovam a eficiência energética e garantam acesso equitativo a fontes de energia modernas. Iniciativas como o Programa de Eficiência Energética no Brasil são passos importantes, mas há necessidade de ampliar esses esforços para assegurar que todas as famílias tenham acesso a serviços energéticos sustentáveis.