No Brasil, as mulheres representam 52,4% do eleitorado, mas a sua participação em cargos políticos ainda é alarmantemente baixa. Neste ano, apenas 15,4% das prefeitas eleitas e 18,2% das vereadoras foram mulheres. Cidades como Boa Vista (PB) e Conceição do Pará (MG) não elegeram nenhuma mulher para a administração pública ao longo de suas histórias, revelando um problema maior de representatividade feminina na política. O presidente da Câmara de Boa Vista destacou a dificuldade em apontar os fatores que contribuíram para essa situação, enquanto o prefeito de Conceição do Pará atribui a ausência feminina a uma tradição cultural local.
A falta de apoio dos partidos políticos para candidaturas femininas também é um obstáculo significativo. Especialistas, como a pesquisadora Débora Thomé, ressaltam que a ausência de mulheres em cargos políticos perpetua um ciclo vicioso, onde a experiência prévia em cargos públicos é um preditor importante para a eleição. A legislação brasileira exige que cada partido assegure um mínimo de 30% de candidaturas de cada gênero, mas essa meta não tem sido efetivamente cumprida, especialmente com a recente aprovação da PEC da Anistia, que pode isentar os partidos de penalidades por descumprimentos anteriores.
Além das cidades mencionadas, outras localidades brasileiras também enfrentam a ausência de mulheres na política, algumas desde a década de 80. Em várias delas, mesmo com candidaturas femininas, as mulheres continuam sem conquistar assentos na administração pública. A falta de representatividade e a cultura política que favorece homens são desafios que precisam ser enfrentados para que o cenário político brasileiro se torne mais equitativo e representativo da população.