O diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, destacou a necessidade de um choque fiscal de longo prazo para alterar substancialmente as expectativas de inflação no Brasil. Em evento realizado em Washington, ele afirmou que a esperada desaceleração dos gastos públicos não será suficiente para impactar essas projeções. Para Gomes, a confiança dos investidores na sustentabilidade fiscal e na convergência da dívida pública é fundamental para moldar as expectativas inflacionárias.
O diretor do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Valdés, também abordou a complexidade da consolidação das contas públicas no Brasil, enfatizando a importância dessa medida para estabilizar a dívida do país. Valdés apontou que muitas despesas são obrigatórias, tornando o processo politicamente desafiador. Além disso, ele ressaltou a necessidade de se trabalhar na indexação das despesas, o que poderia facilitar o processo de consolidação fiscal.
O FMI prevê que a dívida pública brasileira como proporção do PIB aumente de 83,9% em 2022 para 94,7% em 2026. Valdés sublinhou a importância de alinhar a consolidação fiscal com a política monetária, sugerindo que essa combinação pode reduzir o prêmio de risco e permitir a queda das taxas de juros, contribuindo assim para um ambiente econômico mais estável e propício ao crescimento.