Os recentes pedidos de recuperação judicial de empresas do agronegócio, como AgroGalaxy e Portal do Agro, indicam que um momento difícil no setor está impactando até mesmo os players maiores, segundo especialistas. Diante desse cenário, as emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) deverão oferecer retornos maiores aos investidores, refletindo a crescente desconfiança em relação à capacidade de crédito das empresas. A situação é agravada por fatores como clima desfavorável, alta taxa Selic e a possível instabilidade decorrente da saída de varejistas relevantes do mercado.
A análise aponta que o agronegócio enfrenta uma crise estrutural e sistêmica, o que pode resultar em mais empresas solicitando recuperação judicial. Jônatas Pulquério, ex-diretor de Gestão de Risco Agropecuário, destaca que esses eventos afetam diretamente a confiança dos investidores e a capacidade de acesso ao crédito. A escassez de emissões de CRAs, que caiu drasticamente em setembro, aponta para um ciclo vicioso: as empresas são forçadas a pagar mais para captar recursos e acabam utilizando esses fundos para quitar dívidas de curto prazo, em vez de investir em crescimento.
Além disso, a maioria das empresas está buscando captar recursos para honrar compromissos financeiros imediatos, o que sinaliza uma fragilidade nas operações e na saúde financeira do setor. O aumento da demanda por garantias concretas nas emissões de CRAs indica uma crescente preocupação do mercado com a solvência das empresas. Especialistas apontam que a hipoteca de ativos por parte de algumas empresas pode ser um sinal tanto de dificuldades financeiras quanto de tentativas de aproveitar oportunidades de investimento, ressaltando um panorama incerto para o futuro do agronegócio no Brasil.