A recente morte de um renomado poeta brasileiro na Suíça, onde a eutanásia é permitida, reabriu o debate sobre a eutanásia e o suicídio assistido no Brasil. Ele expressou em sua carta a busca por dignidade tanto na vida quanto na morte, gerando comoção em todo o país. Historicamente, o Brasil enfrenta barreiras legais e culturais que dificultam a discussão sobre esses temas, com a prática da eutanásia e do suicídio assistido ainda sendo considerados crimes. Este cenário é refletido na experiência de outros cidadãos que, como a estudante Carolina Arruda, enfrentam dores insuportáveis e buscam alternativas no exterior, ressaltando a desigualdade de acesso a essas opções.
Pesquisadores e especialistas em bioética apontam que a falta de discussão sobre eutanásia no Brasil se deve a tabus morais e religiosos, que muitas vezes impedem uma análise mais ampla da dignidade no processo de morrer. A crítica se estende à falta de um debate legislativo consistente, com propostas de novas leis ainda em discussão no Senado. Além disso, a maioria da população não tem conhecimento ou acesso a cuidados paliativos, e a estrutura do sistema de saúde público também carece de adaptações para abordar adequadamente essas questões.
O aumento da população idosa e os avanços tecnológicos que mantêm vidas em situações irreversíveis acentuam a necessidade de um diálogo mais profundo sobre a morte digna. Especialistas defendem que é fundamental incluir o tema nas escolas e na formação de profissionais de saúde, promovendo um entendimento mais humano e ético em relação ao fim da vida. A criação de um Conselho Nacional de Bioética também é vista como uma necessidade para discutir e formular regulamentações sobre o assunto, permitindo uma abordagem mais equilibrada em uma sociedade plural que ainda vê a morte como um tabu.