Em agosto, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam uma possível desaceleração da economia brasileira, conforme análise do banco digital Inter. Apesar do crescimento nos principais setores ao longo do ano, com a indústria apresentando um leve aumento, os setores de varejo e serviços enfrentaram quedas de 0,3% e 0,4%, respectivamente. A previsão é que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registre uma retração de 0,14% em agosto, refletindo essas perdas e evidenciando que o crescimento anterior pode ter sido sustentado por um impulso fiscal que agora está se dissipando.
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, afirma que a desaceleração da economia não deve gerar alarmes, pois já era esperada. Ela destaca que o crescimento do primeiro semestre foi impulsionado por aumento de gastos públicos, que estão em processo de redução devido à meta fiscal do governo. A expectativa é que o PIB brasileiro cresça 2,9% ao final do ano, um cenário distante das projeções mais otimistas. A economista também observa um descompasso entre a percepção do mercado financeiro e a realidade econômica, com temores fiscais dominando as atenções, mesmo com sinais de estabilidade.
No longo prazo, Vitória alerta para os riscos inflacionários gerados pela diferença entre demanda e oferta no Brasil, o que pode levar a aumentos de preços. Apesar da expectativa de juros elevados e um cenário de endividamento crescente, ela enfatiza a importância de um alinhamento entre políticas monetária e fiscal para evitar custos crescentes da dívida e garantir controle sobre a inflação. Com a taxa Selic em 10,75% e a previsão de alta até 2025, a continuidade de um cenário de juros altos pode inibir investimentos e acentuar a desaceleração econômica.