Mestres artesãos da Amazônia estão colaborando na criação de camisas, cadernetas e agendas que conectam saberes tradicionais à cultura regional, como a grafia dos abridores de letras e brinquedos de miriti. Essa iniciativa se destaca no contexto do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a maior manifestação religiosa do Brasil, que mobiliza milhões de devotos em Belém durante o mês de outubro. O evento reflete a profunda devoção da população paraense e a diversidade cultural presente na região, unindo diferentes sotaques e tradições.
O Instituto Letras que Flutuam, fundado por Fernanda Martins, é o pioneiro no Brasil a valorizar a cultura popular ribeirinha por meio de produtos desenvolvidos em parceria com mestres locais. Esses itens são mais do que meras mercadorias; representam uma forma de inclusão dos artesãos no mercado de moda, promovendo consumo consciente e gerando renda para os detentores desses saberes seculares. O lucro obtido com a venda desses produtos é integralmente destinado aos mestres ribeirinhos, o que contribui significativamente para a melhoria de suas vidas.
Entre os produtos em destaque, a camisa FÉ, criada pelo abridor de letras Élcio Lobato dos Santos, simboliza a energia que une os devotos durante as festividades do Círio. A peça busca homenagear Nossa Senhora e fortalecer a visibilidade da arte regional. A loja Ygarapé, localizada em Belém, é um dos pontos de venda dos produtos, incentivando o reconhecimento e a valorização da cultura amazônica.