Um novo relatório intitulado “Sound Off: Make the Music Industry Safe” revela a extensão da cultura de abuso sexual na indústria da música americana, documentando dezenas de casos que vão desde os anos 1950 até 2024. O texto destaca a naturalização das denúncias de assédio e abuso, que frequentemente são ignoradas ou encobertas, criando um ambiente propício para a perpetuação de comportamentos inaceitáveis. A publicação sugere que a indústria, dominada por homens, tem historicamente tolerado esses crimes, beneficiando-se financeiramente enquanto muitos artistas e executivos se envolviam em comportamentos criminosos.
O relatório chama a atenção para a recente onda de acusações que afeta a indústria, comparando a situação atual ao movimento MeToo de Hollywood, que expôs diversos casos de assédio sexual. A pesquisa foi elaborada por uma coalizão de grupos feministas e traz à tona a necessidade de mudanças significativas nas práticas das principais gravadoras. Entre as demandas estão o fim de acordos de confidencialidade que silenciam vítimas e a criação de uma lista pública de profissionais acusados de má conduta, visando a construção de um ambiente mais seguro para todos os envolvidos na música.
A cultura do estupro é identificada como um fenômeno enraizado não apenas na indústria, mas na sociedade como um todo, refletindo desigualdades de gênero e a objetificação feminina nas produções musicais. Especialistas apontam que a erotização excessiva e a glamorização de comportamentos abusivos contribuem para a normalização desses crimes. O relatório busca promover uma discussão mais ampla sobre a necessidade de responsabilidade e transparência na indústria da música, pedindo uma mudança estrutural que priorize a segurança e o respeito entre os profissionais do setor.