Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destaca que o encarceramento é o principal fator de risco para a tuberculose na América Latina, onde a incidência da doença aumentou em 19% desde 2015, em contraste com a diminuição global de 8,7%. Desde 1990, a população em privação de liberdade na região quase quadruplicou, sendo que este crescimento é o mais acelerado do mundo. A pesquisa, que analisou dados de seis países que concentram 80% dos casos de tuberculose na América Latina, concluiu que 27% dos casos na região estão relacionados ao encarceramento, com o Brasil apresentando uma taxa ainda mais alarmante de 35%.
Os pesquisadores enfatizam a necessidade de intervenções políticas que abordem o encarceramento como um fator determinante na propagação da tuberculose. Eles argumentam que, se não forem adotadas medidas eficazes, como a redução da população carcerária e melhores condições de saúde nas prisões, as metas de controle da tuberculose não poderão ser atingidas. O estudo sugere que uma diminuição no encarceramento poderia resultar em uma queda significativa nos casos de tuberculose até 2034, demonstrando a interconexão entre políticas de saúde pública e de justiça criminal.
Além disso, a pesquisa sublinha que as condições nas prisões, como superlotação e falta de acesso a cuidados de saúde, agravam o problema da tuberculose, que já apresenta taxas 26 vezes mais elevadas entre os encarcerados em comparação com a população em geral. O estudo propõe que os ministérios da saúde e da justiça colaborem para enfrentar a crise, incluindo estratégias que promovam não apenas a saúde dos indivíduos encarcerados, mas também a redução da privação de liberdade em massa como parte de uma solução abrangente para o controle da tuberculose na região.