Nos últimos anos, o Brasil tem observado um aumento significativo no número de guardas civis municipais (GCMs), especialmente em cidades menores e na Região Norte. Entre 2019 e 2023, o total de municípios com GCMs cresceu de 1.188 para 1.322, e a proporção de guardas armadas passou de 22% para 30%. Este crescimento se dá em um contexto de redução no efetivo das polícias Militar e Civil, com uma queda de 4,4% e 7,9%, respectivamente. Pesquisas indicam que a população está cada vez mais preocupada com a segurança, refletindo na promessa de candidatos a prefeitos de ampliar as guardas e aumentar o uso de armamento.
Além do aumento das GCMs, a pesquisa realizada pelo IBGE revela que mais municípios estão utilizando suas guardas para patrulhamento de ruas, uma função tradicionalmente atribuída à Polícia Militar. Essa mudança de atribuições coloca o patrulhamento como a segunda maior função das GCMs, após a proteção de bens públicos. Ao mesmo tempo, a pesquisa aponta uma diminuição na presença de órgãos voltados para direitos humanos nos municípios, com uma queda de 25% nas secretarias dedicadas a esse tema, evidenciando uma possível reestruturação das prioridades administrativas.
O estudo também aponta um crescimento no número de iniciativas voltadas para a segurança alimentar e a inclusão produtiva, além do aumento de funcionários nas prefeituras. A preocupação com políticas públicas para mulheres e a implementação de ações para grupos vulneráveis estão em ascensão, embora ainda haja desafios significativos, como a diminuição no número de delegacias e órgãos responsáveis por receber denúncias de violações de direitos humanos. Essa dinâmica complexa reflete uma tentativa de resposta a uma crescente demanda por segurança e assistência social, mesmo em meio a desafios orçamentários e administrativos.