Um levantamento recente do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelou que o Brasil quase dobrou o número de médicos nos últimos 14 anos, passando de 304 mil em 2010 para cerca de 576 mil em 2024. Embora todos os estados tenham registrado aumento na quantidade de médicos, as disparidades na densidade médica entre diferentes regiões do país ainda persistem. Enquanto áreas mais desenvolvidas, como o Distrito Federal e estados do Sudeste, apresentam taxas superiores à média nacional de 3,07 médicos por mil habitantes, regiões como o Amazonas e o Maranhão lutam com escassez, apresentando menos de 2 médicos por mil habitantes.
Os dados também indicam que as capitais concentram uma proporção significativa de médicos, com 52% dos profissionais atendendo apenas 23% da população, o que acentua a desigualdade no acesso à saúde. O CFM destacou que Vitória, no Espírito Santo, tem a maior média de médicos por mil habitantes (18,7), enquanto o interior do estado enfrenta números drasticamente inferiores. Além disso, Roraima é um exemplo extremo, com 97% dos médicos localizados na capital, Boa Vista, que abriga a maior parte da população do estado.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, enfatizou a necessidade de políticas públicas focadas na redistribuição de médicos, visando minimizar as desigualdades regionais no acesso à saúde. Ele também ressaltou a importância de programas de formação de profissionais alinhados às necessidades específicas de cada região e a criação de incentivos que atraiam médicos para áreas com maior dificuldade de provimento. A construção de uma política de recursos humanos sólida é considerada fundamental para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).