O relatório intitulado “A ‘Cracolândia’ pelos usuários” foi elaborado por instituições acadêmicas e revela a realidade dos moradores de rua na região central de São Paulo, destacando a ineficácia das políticas públicas e a violência policial enfrentadas por esses indivíduos. Com entrevistas realizadas com 90 pessoas, a pesquisa evidencia que a maioria dos entrevistados é composta por homens negros na faixa etária de 30 a 49 anos, dos quais mais de 90% relataram o uso de crack. Apesar das condições adversas, cerca de 40% dos participantes afirmaram estar na Cracolândia por vontade própria, considerando o local como um lar.
A pesquisa também aponta a insatisfação dos usuários em relação aos tratamentos oferecidos, com a maioria já tendo passado por internações repetidas sem obter resultados duradouros. A falta de suporte pós-tratamento e as condições inadequadas das instituições de saúde são mencionadas como motivos para o abandono dos tratamentos. Além disso, a violência policial é identificada como um agravante significativo, contribuindo para o clima de medo e insegurança, o que, por sua vez, prejudica o acesso a serviços essenciais.
Por fim, os entrevistados sugerem a necessidade de políticas públicas integradas que visem à inclusão social, acesso a moradia digna e oportunidades de trabalho. O relatório conclui que a transformação da realidade da Cracolândia requer uma abordagem holística, que coloque os indivíduos no centro das políticas, ao invés de ações isoladas ou repressivas. A pesquisa destaca a urgência em repensar as estratégias de intervenção, considerando as vozes e experiências dos que vivem na região.