A continuação de “Coringa”, intitulada “Delírio a dois”, estreia nos cinemas brasileiros e, apesar de suas falhas, se destaca por ser mais ousada que seu antecessor. O filme, dirigido por Todd Phillips e coescrito por Scott Silver, mistura gêneros de maneira esquizofrênica, transitando entre um musical arrastado, um drama de prisão e um tribunal previsível. No entanto, a obra não consegue conectar essas diferentes facetas de forma satisfatória, perdendo-se em clichês e em uma narrativa que não avança, frustrando as expectativas de uma trama mais engajante.
A história segue um comediante que, preso em um manicômio, conhece uma fã que traz um sopro de esperança e música para sua vida. Apesar de momentos promissores, a maioria das canções aparece em sequências de sonho, sem contribuir para o desenvolvimento da trama principal. O roteiro, que se leva a sério demais, torna a experiência densa e, em muitos momentos, insossa, o que limita a capacidade do filme de se tornar algo memorável, mesmo com a presença de uma personagem que poderia ter mais profundidade.
A atuação de Joaquin Phoenix é destacada como uma das melhores da sua geração, mas se vê ofuscada pela falta de inovação do roteiro. Lady Gaga, como a nova personagem, traz frescor à produção, embora sua contribuição seja relegada a um papel secundário que carece de profundidade. “Delírio a dois” flerta com o sucesso, mas a falta de coragem para explorar plenamente seu potencial resulta em uma experiência cinematográfica que, embora tenha seus momentos, não alcança a grandeza esperada.