O Amazonas e o Deserto do Saara enfrentam crises ambientais que, apesar da distância geográfica, estão interligadas. Em outubro, o nível do Rio Negro atingiu 12,66 metros, o menor registrado em mais de 120 anos, refletindo uma severa seca que afeta 62 municípios da região, colocando cerca de 750 mil pessoas em estado de emergência. Enquanto isso, o Rio Solimões também apresenta níveis alarmantes, com trechos chegando a apenas dois metros de profundidade. Essas condições extremas são atribuídas ao aquecimento global, exacerbado por atividades humanas como desmatamento e extração de combustíveis fósseis.
No Saara, fenômenos climáticos recentes resultaram em inundações inesperadas, com lagos surgindo entre as dunas devido a chuvas intensas, que chegaram a 200 mm em algumas áreas. José Marengo, climatologista, observa que essas chuvas estão ligadas a furacões que se formam no Atlântico e impactam a atmosfera, influenciando o clima em diversas regiões. O cientista ressalta que, embora as chuvas no Saara sejam temporárias, sua ocorrência reflete uma mudança nos padrões climáticos globais, assim como a seca severa que afeta o Amazonas.
Além disso, a seca no Amazonas tem implicações em outros fenômenos extremos no Brasil, como as chuvas que ocorreram no Rio Grande do Sul, que resultaram em tragédias em abril. Marengo aponta que a intensificação do chamado ‘período seco’ na Amazônia está ligada a uma pressão atmosférica que impede a formação de chuvas. Com as mudanças climáticas em curso, a previsão sobre o futuro do clima na região é incerta, levantando preocupações sobre como esses padrões afetarão as populações locais e o meio ambiente.