O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou dados sobre as cidades brasileiras que, nas eleições municipais de 2024, elegeram prefeito, vice-prefeito e todos os vereadores de um único partido. Ao todo, foram identificadas 11 cidades, sendo que nove delas estão localizadas na região Nordeste, abrangendo os estados de Alagoas, Ceará, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, e uma no Centro-Oeste, em Goiás. O cenário reflete uma concentração política que, embora não ilegal, levanta questionamentos sobre a diversidade de representatividade nas câmaras municipais.
Entre os municípios destacados, Ipaporanga, no Ceará, se tornou um exemplo emblemático, pois elegeu todos os seus representantes do Partido dos Trabalhadores (PT). Segundo especialistas, esse fenômeno ocorre quando um partido consegue atingir um coeficiente eleitoral favorável, permitindo que seus candidatos sejam eleitos enquanto os de outras legendas não alcançam a mesma margem de votos. O professor Felipe Braga Albuquerque, da Universidade Federal do Ceará, aponta que a falta de oposição em câmaras formadas exclusivamente por membros de um único partido pode prejudicar a fiscalização das ações do Poder Executivo municipal.
A análise também destaca que a predominância de um único partido em uma câmara pode sobrecarregar o Ministério Público, que acaba assumindo a responsabilidade de garantir a transparência e a fiscalização das atividades municipais. Isso traz à tona a discussão sobre os desafios da democracia local, onde a pluralidade de ideias e a crítica construtiva são fundamentais para um governo mais eficaz e representativo.