O primeiro Censo das Secretárias no Brasil, realizado pelos Institutos Aleias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas, revelou que apenas 28% dos cargos de secretariado nos governos estaduais e capitais são ocupados por mulheres. O levantamento, que mapeou 698 órgãos estaduais e 536 municipais entre novembro de 2023 e março de 2024, identificou que apenas uma capital e três estados atingiram a paridade de gênero, enquanto muitos locais ainda não conseguem alcançar 30% de representação feminina. A pesquisa também destacou a concentração de mulheres em pastas sociais, refletindo uma segregação horizontal que limita a participação feminina em áreas estratégicas.
Além da disparidade de gênero, o censo abordou a questão racial, revelando que 57,4% das secretárias se identificam como brancas, enquanto 37,8% se consideram pretas ou pardas. A pesquisa mostrou que as secretárias possuem alta qualificação, com 43% tendo especialização e 26% mestrado. Entretanto, 50% delas ocupam o cargo pela primeira vez, sugerindo uma nova onda de mulheres em posições de liderança, embora a maioria ainda enfrente barreiras estruturais significativas.
Os dados também revelaram a sub-representação de mulheres com deficiência e a participação política, com quase metade das secretárias tendo vínculos partidários. As entidades envolvidas recomendaram medidas para promover a paridade de gênero nos secretariados e criar redes de apoio. A segunda fase do censo, programada para novembro, pretende abordar questões relacionadas ao trabalho doméstico e à violência política de gênero e raça, além de apresentar uma análise mais aprofundada dos desafios enfrentados pelas mulheres em posições de liderança.