O Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela um aumento significativo na proporção de mulheres que ocupam o papel de responsáveis financeiros em domicílios brasileiros. Pela primeira vez, 34,1% das mulheres são identificadas como chefes de família, superando os 25% que atuam como cônjuges ou companheiras. Este dado contrasta com o Censo de 2010, quando apenas 22,9% das mulheres eram consideradas responsáveis pelo lar. De maneira geral, 49,1% dos domicílios têm mulheres como responsáveis, uma mudança considerável em relação à proporção de 61,3% de homens naquela época.
Jefferson Nascimento, analista socioeconômico do IBGE, aponta que o crescimento da participação feminina é uma tendência observada a cada nova divulgação de Censo, indicando um movimento em direção à igualdade de gênero no que diz respeito à chefia dos lares. No entanto, ele ressalta que essa mudança coincide com um aumento no número de mulheres que vivem sozinhas e têm filhos, indicando que a responsabilidade pelos cuidados infantis ainda recai predominantemente sobre as mulheres.
Os dados também mostram que as mulheres responsáveis por domicílios são maioria em dez estados, principalmente no Nordeste, enquanto os menores percentuais estão em Rondônia e Santa Catarina. Segundo Luciene Longo, analista do IBGE, as mudanças nos dados refletem um aumento geral da participação feminina nas diversas esferas sociais, especialmente no mercado de trabalho, embora a divisão de responsabilidades em relação aos cuidados dos filhos ainda permaneça desigual.