Nas últimas eleições municipais, um total de 1.823 candidatos, representando 0,39% das candidaturas, não receberam nenhum voto, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dentre esses, 29,3% eram mulheres pretas ou pardas, indicando uma preocupação com a efetividade das cotas de gênero, que exigem que 30% das vagas sejam reservadas para mulheres. Apesar de seu número expressivo entre os candidatos zerados, as mulheres pretas e pardas corresponderam a apenas 17,66% do total de candidatos, evidenciando uma discrepância significativa na participação feminina.
Além disso, os homens pretos e pardos representaram 36,6% dos candidatos sem votos e 33,9% do total geral. O recorte racial revela uma desproporção preocupante: enquanto 46,83% das candidaturas eram de pessoas brancas, apenas 30,88% dos candidatos zerados eram brancos. A maior parte dos candidatos sem votos autodeclarou-se parda (52,33%), contrastando com a participação de 40,3% no total de candidaturas. Esse padrão sugere que, apesar de um maior número de candidatos negros, as chances de sucesso nas urnas são desiguais.
Em termos regionais, a Bahia, São Paulo e Minas Gerais foram os estados com o maior número de candidatos sem votos, destacando-se na análise do fenômeno. Os partidos que apresentaram o maior número de candidaturas sem votos foram o MDB, PSB e PRD. Essas estatísticas levantam questões sobre a eficácia das políticas de cota e a necessidade de ações mais robustas para garantir que as candidaturas sejam não apenas registradas, mas também efetivamente competitivas nas eleições.