Nas eleições municipais recentes, 1.823 candidatos, representando 0,39% das candidaturas, não receberam nenhum voto. Desses, 29,3% (535) eram mulheres pretas ou pardas, o que representa quase um terço do total de candidatos sem votos, enquanto as candidatas do gênero feminino corresponderam a 34% do total. A situação levanta preocupações sobre possíveis fraudes relacionadas à cota de gênero, que exige que os partidos reservem 30% de suas vagas para mulheres. Muitos dos registros femininos, no entanto, parecem existir apenas formalmente, sem que as mulheres realmente concorram.
Além disso, a análise demográfica mostra disparidades significativas. Enquanto 46,83% das candidaturas são de pessoas brancas, apenas 30,88% dos candidatos sem votos se autodeclaram dessa cor. Em contraste, 52,33% dos candidatos zerados se identificaram como pardos. A maior proporção de candidatos sem votos é encontrada entre os autodeclarados negros, que representam 65,99% dos zerados, em comparação com 51,62% entre todas as candidaturas. Essa discrepância ressalta a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre a inclusão e a participação efetiva de grupos minoritários.
Os estados que apresentaram o maior número de candidatos sem votos foram Bahia, São Paulo e Minas Gerais. Em termos de partidos, o MDB foi o que teve o maior número absoluto de candidatos zerados, seguido pelo PSB e PRD. Esses dados evidenciam a urgência de um monitoramento mais rigoroso sobre as candidaturas e a aplicação da legislação que visa garantir a igualdade de gênero e raça nas eleições, bem como a necessidade de maior transparência nas campanhas eleitorais.