O chanceler Mauro Vieira, à frente da delegação brasileira na cúpula do Brics na Rússia, afirmou que o grupo não possui uma postura antiocidental, enfatizando que sua função é promover o diálogo entre os membros. Vieira ressaltou que a percepção negativa do Brics, especialmente entre Estados Unidos e Europa, se deve à crença de que o bloco se opõe à ordem mundial existente. Ele também mencionou a urgência de reformar instituições financeiras globais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, além da necessidade de mudanças no Conselho de Segurança da ONU, embora o comunicado final da cúpula não tenha apresentado propostas concretas sobre essas questões.
O Brasil busca se distanciar de práticas autoritárias associadas a países como China e Rússia, propondo que o Brics seja visto como uma plataforma para diálogos construtivos. A recente ampliação do grupo resultou na criação de uma nova categoria de parceiros, com treze países convidados, embora a inclusão da Venezuela tenha sido vetada pelo Brasil. Vieira também destacou os desafios que surgem com a inclusão de novos membros, especialmente no que tange à harmonização de terminologias e regras previamente acordadas.
Atualmente, mais de 30 países manifestaram interesse em se juntar ao Brics, o que pode dificultar a coesão e as negociações do grupo. Vieira afirmou que, diante do número crescente de interessados, a incorporação de tantos novos membros poderia desestabilizar a estrutura atual do Brics, ultrapassando a marca de 40 integrantes. As discussões em torno da ampliação do grupo e da reforma das instituições globais continuarão a ser temas centrais nas futuras reuniões.