O Brasil enfrenta um cenário alarmante em relação à saúde bucal, com projeções indicando que até 2050 o número de pessoas desdentadas pode alcançar 44 milhões. Um estudo recente baseado em dados de 2021 do Global Burden of Disease aponta que o país ocupa a terceira posição mundial em proporção de indivíduos sem dentes, com 22 milhões de brasileiros afetados, representando cerca de 9% da população. Apesar de ter uma alta concentração de dentistas, a prevalência de edentulismo tende a aumentar devido ao crescimento populacional e à falta de políticas de prevenção eficazes.
A periodontite, uma das principais causas de perda dentária, é uma doença silenciosa que muitas vezes se agrava antes de ser diagnosticada. A pesquisa revela que a saúde bucal está intimamente ligada à qualidade de vida, uma vez que a perda de dentes afeta funções essenciais como a fala e a mastigação, além de causar isolamento social e problemas psicológicos, especialmente entre os idosos. Ademais, há uma associação significativa entre a periodontite e doenças sistêmicas como diabetes e doenças cardiovasculares, tornando essa questão uma prioridade de saúde pública.
Para reverter esse quadro, é necessária uma mudança na abordagem da saúde bucal no Brasil. Embora a Política Nacional de Saúde Bucal tenha ampliado o acesso a serviços odontológicos, ainda predomina uma prática clínica curativa em detrimento da preventiva. O estudo sugere a reestruturação dos currículos de odontologia e uma melhor distribuição dos profissionais de saúde bucal, especialmente em áreas menos urbanizadas, para garantir que a população tenha acesso a cuidados preventivos e ao tratamento adequado.