O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, destacou em entrevista à CNBC a seriedade da autoridade monetária em cumprir a meta de inflação, ressaltando que as condições econômicas atuais levaram à decisão de elevar novamente a taxa Selic. Ele apontou para um cenário de mercado de trabalho apertado e um hiato do produto positivo, o que contribuiu para as expectativas e projeções de inflação se desancorarem. Campos Neto enfatizou a importância de reassegurar o compromisso do Banco Central, especialmente considerando a memória de alta inflação no país.
Além disso, Campos Neto observou que o Brasil se encontra em um ciclo de política monetária distinto do resto do mundo, tendo sido o primeiro a reduzir as taxas de juros durante a pandemia e agora o primeiro a aumentá-las novamente. Ele indicou que, historicamente, os ciclos de política monetária no Brasil tendem a terminar com uma taxa Selic mais baixa, refletindo uma abordagem cautelosa e estratégica em resposta às circunstâncias econômicas.
O presidente do Banco Central também comentou sobre o crescimento econômico global, que tem superado as expectativas, tanto em economias avançadas quanto emergentes, mencionando o Brasil como um exemplo positivo. No entanto, ele alertou para a estagnação da produtividade, destacando que a falta de ganhos significativos em produtividade pode afetar o crescimento estrutural a longo prazo. Campos Neto concluiu enfatizando a preocupação com a elevada dívida global em um contexto que requer a resolução de desafios emergentes após a pandemia.