A crescente oferta de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) por bancos pequenos e médios, que prometem altos retornos garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), tem gerado inquietação entre grandes instituições financeiras e o Banco Central. Desde julho, novas regras foram implementadas para moderar a emissão desses CDBs, que ofereceram taxas de até 140% do CDI, significativamente acima da média dos grandes bancos. Esse movimento alarmou o governo e o sistema bancário, especialmente com discussões em andamento sobre a possibilidade de aumentar o valor segurado pelo FGC.
Enquanto os bancos menores aproveitam a situação para atrair investidores, o professor Rafael Schiozer aponta que essa dinâmica transferiu o risco do investidor para o FGC, o que pode criar um cenário de “risco moral”, onde os banqueiros não se preocupam suficientemente com a saúde financeira de suas instituições. Dados mostram que os bancos médios e pequenos respondem atualmente por 24% das aplicações garantidas pelo FGC, um aumento considerável desde 2019. O crescimento acelerado desses bancos tem sido acompanhado de perto pelo Banco Central, que busca implementar medidas para conter essa expansão e proteger a estabilidade do sistema financeiro.
A recente proposta de elevar o limite de cobertura do FGC de R$ 250 mil para R$ 1 milhão gerou controvérsia, recebendo oposição de várias associações do setor bancário e do próprio Banco Central. Argumenta-se que essa mudança poderia aumentar os custos das instituições financeiras e potencializar riscos sistêmicos, mesmo que a proposta fosse vista como uma forma de aumentar a competitividade no setor. Embora a emenda tenha sido rejeitada, as discussões sobre o futuro do FGC e a possível estatização do fundo ainda estão em pauta, refletindo as tensões entre a necessidade de crescimento dos bancos menores e a proteção do sistema financeiro como um todo.