Dados recentes do Monitor do Fogo indicam que, entre janeiro e junho de 2024, aproximadamente 4,48 milhões de hectares foram queimados na Amazônia, representando um crescimento de 119% em relação ao mesmo período do ano anterior. O bioma amazônico, em particular, tem sido severamente impactado, com o desmatamento associado principalmente à expansão de áreas destinadas à pastagem. Um estudo do MapBiomas revela que, entre 1985 e 2023, a área de pastagem na Amazônia cresceu mais de 363%, passando de 12,7 milhões para 59 milhões de hectares, o que equivale a 14% da área total do bioma.
A região conhecida como Amacro, que abrange partes do Amazonas, Acre e Rondônia, registrou um aumento ainda mais significativo na área de pastagem, que se expandiu 11 vezes, levando à quase total destruição da vegetação nativa. De acordo com o levantamento, mais de 90% das áreas desmatadas na Amazônia tiveram como primeiro uso a pastagem. Embora a agricultura também tenha contribuído para o desmatamento, especialmente em 2004, a moratória da soja ajudou a reduzir esses números nos anos seguintes. Além disso, o monitoramento mostrou que 77% das áreas desmatadas se mantiveram como pastagens, enquanto apenas 2% foram convertidas diretamente para uso agrícola.
Outro ponto destacado no levantamento é a perda de áreas úmidas na Amazônia, com 3,7 milhões de hectares afetados, sendo que 3,1 milhões foram transformados em pastagens. Ao mesmo tempo, a área agrícola na região cresceu 47 vezes entre 1985 e 2023, principalmente devido à soja, que dominava 80,5% das lavouras temporárias em 2023. Mudanças climáticas podem ser uma preocupação crescente, pois o aumento de corpos hídricos antrópicos é acompanhado por uma tendência geral de redução das áreas úmidas, sinalizando um impacto ambiental significativo na Amazônia.