O diretor de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Renato Gomes, expressou preocupações com a política fiscal do governo durante um evento em Washington. Ele destacou que fatores recentes, como a previsão de aumento do déficit de empresas estatais e a possibilidade de não se atingir a meta de déficit fiscal zero em 2025, têm gerado inquietação no mercado. Gomes apontou ainda o uso de fundos para financiar políticas públicas fora do Orçamento e o aumento nas emissões de Letra de Crédito do Desenvolvimento pelo BNDES, que conta com subsídios implícitos, como fatores que preocupam os investidores.
Além disso, Gomes enfatizou a importância do tema fiscal para a política monetária, uma vez que impacta a demanda e as expectativas de inflação. Ele mencionou que o BC continuará a analisar a atividade econômica, a ociosidade e as condições financeiras ao definir sua estratégia de juros. Após um aumento da taxa Selic em setembro, ele reafirmou a intenção de manter a inflação na meta de 3%, ajustando o ritmo conforme as incertezas do cenário econômico.
Por fim, o diretor ressaltou a necessidade de reformas estruturais para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal e a estabilização da dívida pública abaixo de 80% do PIB. A equipe econômica planeja apresentar propostas de contenção de gastos públicos a partir de novembro, em meio à desconfiança do mercado sobre a capacidade do governo de cumprir as metas fiscais estabelecidas. A combinação dessas preocupações fiscais e a política monetária cuidadosa do BC são cruciais para a estabilidade econômica do país.