O recente apagão em São Paulo, que deixou mais de 2 milhões de pessoas sem energia, reacendeu as discussões sobre a concessão da Enel no Brasil. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) indicou que, caso a empresa não apresente soluções para os problemas enfrentados, poderá iniciar um processo de caducidade da concessão, concedida em 1998. Especialistas afirmam que a perda dessa concessão impactaria significativamente a operação da Enel na América Latina, onde o Brasil representa entre 15% e 20% de sua receita global.
Além da perda financeira, a possível rescisão da concessão poderia prejudicar os planos da Enel para investimentos no país. A empresa havia anunciado investimentos de até US$ 2,9 bilhões em redes brasileiras entre 2024 e 2026, que correspondem a 74% do total destinado à América Latina. A elevação no total de despesas de capital projetadas, que chega a US$ 3,7 bilhões, também sinaliza a importância do mercado brasileiro para a empresa, o que a tornaria um ativo valioso.
A instabilidade na concessão pode afetar a percepção dos investidores internacionais sobre a segurança dos investimentos da Enel no Brasil, impactando sua avaliação de mercado. No entanto, analistas destacam que a empresa poderia receber uma indenização de R$ 10 bilhões, o que poderia amenizar a preocupação dos investidores. Apesar dos transtornos causados pelo apagão, as ações da Enel mantêm uma trajetória de alta nas bolsas, com recomendações de compra predominando entre os analistas.