A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início dos testes da vacina LepVax, a primeira especificamente destinada ao combate da hanseníase no Brasil. O ensaio clínico será conduzido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e contará com a participação de 54 voluntários saudáveis. O objetivo do estudo é avaliar a segurança e a imunogenicidade da vacina em duas formulações, com diferentes doses de antígeno, além de um grupo controle que receberá placebo. As vacinações ocorrerão em três aplicações, com intervalos de 28 dias entre cada uma, e o acompanhamento dos participantes se estenderá por um ano.
Desenvolvida por uma instituição de pesquisa biotecnológica sem fins lucrativos, a LepVax utiliza uma tecnologia moderna chamada subunidade proteica. O projeto é financiado por organizações filantrópicas, incluindo a American Leprosy Missions, além de contar com apoio do Ministério da Saúde e de fundos internacionais. Estudos pré-clínicos demonstraram que a vacina foi eficaz na redução da taxa de infecção em camundongos e retardou danos neurológicos em modelos de tatu, considerados representativos para a hanseníase.
O Brasil concentra a maior parte dos casos de hanseníase nas Américas, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta sobre a necessidade de novas estratégias para o controle da doença, que afeta especialmente populações vulneráveis. A pesquisa permitirá avançar na luta contra essa enfermidade, que, apesar de ter cura, ainda apresenta desafios significativos devido ao diagnóstico tardio em muitos pacientes. Os interessados em participar dos testes devem ter entre 18 e 55 anos, estar em boas condições de saúde e não ter histórico de contato com a doença.