A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o início dos testes de uma nova vacina contra a hanseníase, chamada LEP Vax. Os ensaios clínicos serão conduzidos no Instituto Osvaldo Cruz, em São Paulo, com a participação de 54 voluntários saudáveis entre 18 e 55 anos, que nunca tiveram a doença. O principal foco da pesquisa é avaliar a segurança e a imunogenicidade da vacina, bem como sua eficácia em duas formulações diferentes, utilizando doses baixas e altas de antígeno. Os participantes serão divididos em três grupos: dois receberão a vacina e um receberá um placebo. As aplicações ocorrerão em três doses, com intervalos de 28 dias, e os resultados serão monitorados por 421 dias após a vacinação.
O projeto da vacina é financiado por uma entidade filantrópica dos Estados Unidos, além de contar com apoio do Ministério da Saúde e de um fundo japonês. Os testes pré-clínicos em camundongos mostraram uma redução significativa na taxa de infecção, com efeitos adversos graves não registrados, indicando que a vacina pode gerar uma resposta imunológica eficaz. A hanseníase é uma condição que afeta principalmente populações vulneráveis e apresenta 200 mil novos casos anuais em 120 países, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.
O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase, atrás da Índia, com quase 245 mil novas infecções entre 2014 e 2023. Embora a doença cause lesões sérias na pele e nos nervos, é tratável através do Sistema Único de Saúde. Contudo, muitos pacientes são diagnosticados tardiamente, o que resulta em sequelas que afetam sua qualidade de vida e capacidade de trabalho. A introdução da LEP Vax no calendário nacional de imunizações poderá representar um avanço significativo no controle da hanseníase no país.