O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu um alerta sobre a necessidade urgente de reforçar o controle das normas éticas, técnicas e sanitárias em mutirões de cirurgias oftalmológicas. A preocupação surge após casos em que pacientes perderam a visão após procedimentos de catarata no Rio Grande do Norte. O CBO enfatizou que, embora esses mutirões sejam frequentemente organizados para suprir a demanda por serviços de saúde, a pressa e a falta de controle em diversas etapas do processo podem comprometer a segurança dos pacientes.
Para garantir a realização segura dessas cirurgias, o CBO lançou um Guia de Mutirões de Cirurgia Oftalmológica, elaborado em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O guia oferece diretrizes que incluem a realização de cirurgias somente em estabelecimentos com histórico comprovado e a necessidade de acompanhamento pós-operatório adequado. A entidade também ressalta que a utilização de unidades móveis ou estruturas temporárias não é recomendada, uma vez que pode aumentar os riscos à saúde dos pacientes.
Recentemente, uma investigação apontou que infecções bacterianas em pacientes do Rio Grande do Norte podem ter sido causadas por falhas em procedimentos de higienização. A presidente do CBO reiterou que a realização de mutirões não é justificável no contexto atual da oftalmologia no Brasil, considerando que mais de um milhão de cirurgias foram realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023. Ela alertou que a falta de vínculos permanentes de médicos em pequenos municípios pode comprometer a continuidade do cuidado e a segurança dos pacientes.